sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Quanto custa o corpo humano?

Quanto custa o corpo humano?

por Tiago Jokura


A primeira resposta só pode ser uma: não tem preço. Mesmo porque, embora a sabedoria popular diga que todo mundo tem seu preço e que vender o corpo é a "profissão mais antiga do mundo", comercializar órgãos humanos é crime na maioria dos países - no Brasil, pode dar de três a oito anos de cadeia para os "comerciantes" e de um a seis anos para médicos envolvidos. "Pelas leis brasileiras, o corpo, vivo ou morto, no todo ou em cada uma de suas partes é res extra commercium, ou seja, fora de comercialização", explica o médico Marcos de Almeida, especialista em bioética da Unifesp. Mas, apesar da barreira legal, tem gente que ganha dinheiro com algumas partes do corpo, não só no mercado negro (onde um rim pode ser vendido por mais de 20 mil reais), mas também por vias legais: nos Estados Unidos e em alguns outros países, quem doa sêmen, óvulos, sangue e leite materno ganha uma bonificação em dinheiro. Além disso, calculamos quanto custa a "matéria-prima" do corpo humano. Surpreenda-se com o seu valor nos quadros aqui embaixo.

Pra dar e vender Vender órgãos é proibido, mas dá para faturar legalmente com outros "produtos" corporais - principalmente nos Estados Unidos PLASMA SANGUÍNEO
VALOR UNITÁRIO - Uma máquina retira o sangue, separa o plasma - parte líquida do sangue - e injeta o restante de volta no corpo. No Brasil, não rola pagamento, mas, nos EUA, quem doa recebe cerca de 50 reais pela boa ação
RENDIMENTO ANUAL - Um doador permanente junta até 5 mil reais
ÓVULOS
VALOR UNITÁRIO - Não há "mercado" brasileiro de óvulos. Nos EUA, uma única doação - cada procedimento extrai vários óvulos - pode render 11 mil reais
RENDIMENTO ANUAL - A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva recomenda que uma mulher doe óvulos, no máximo, seis vezes na vida. Seguindo o conselho, dá para ganhar mais de 60 mil reais...
SÊMEN
VALOR UNITÁRIO - No Brasil, não se paga p... nenhuma; nos EUA, o "prêmio" por doação gira em torno de 150 reais. Mas, para ser aprovado no banco de esperma, o doador passa por testes de saúde rigorosos
RENDIMENTO ANUAL - Doando uma vez por semana dá para faturar 7 500 reais em um ano
CABELO
VALOR UNITÁRIO - É o único item da lista que dá para vender no Brasil: 150 gramas de fios com 40 centímetros de comprimento valem, no mínimo, 180 reais - mas dá para faturar mais de 700 reais, dependendo da qualidade e do comprimento do cabelo
RENDIMENTO ANUAL - Em um ano só dá para doar uma vez. Fios curtos não têm valor de mercado
LEITE
VALOR UNITÁRIO - Zero. Bancos de leite humano, aqui ou nos EUA, só aceitam doações
RENDIMENTO ANUAL - Só prejú... Bancos de leite como o de San Jose, na Califórnia, cobram 20 centavos de dólar por mililitro de leite. Um bebê de 5 quilos que precise recorrer ao banco de leite gasta 150 reais por dia, fácil, fácil...

Quanto vale por quilo? A pedido da Mundo Estranho, o bioquímico Etelvino Bechara, da USP, separou os "ingredientes" essenciais do corpo de um ser humano de 70 quilos e encontrou os preços mais baratos deles no mercado*
DNA (0,02% do corpo)
13,2 g de DNA placentário = 9,7 milhões de reais
GORDURA (20%)
14 kg de ácido esteárico = 400 reais
PROTEÍNA (15,2%)
11 kg de albumina de soro bovino = 38 mil reais
MINERAIS (5,6%)
3,9 kg de fosfatos de cálcio, magnésio e zinco, e cloretos de sódio e potássio = 1 050 reais
AÇÚCARES (1,6%)
1,1 kg de amido = 410 reais
ÁGUA (57,6%)
40 litros de água mineral = 15 reais
TOTAL = 9 MILHÕES E 740 MIL REAIS
*Cotação baseada em preços do catálogo da Sigma-Aldrich, multinacional que comercializa produtos químicos

Reduza o lixo doméstico

Posted: 05 Sep 2011 03:47 PM PDT
Fico chocada com a quantidade de saquinhos, bandejas, plásticos e papéis que se joga fora todas as vezes que vamos ao supermercado. E olha que eu levo minhas sacolas de pano para carregar, hein? Mas, mesmo assim, é impressionante o volume de lixo que sobra quando vou guardar as compras.
Aí fiquei pensando o que fazer para diminuir esse lixo. O mais comum é separar o que é orgânico do reciclável. Conheço pessoas que não separam o lixo com a desculpa de que o síndico não implanta a reciclagem. Oras, hoje em dia, qualquer supermercado tem posto de coleta, inclusive de óleo de cozinha. E outra coisa, qualquer um pode organizar a coleta de lixo junto aos outros moradores. Aposto que muitas pessoas teriam vontade de ajudar.
Passei a comprar verduras, frutas e legumes em feiras orgânicas. Assim, tenho produtos mais frescos, curto um bom papo com os produtores e ainda me livro das bandejas e plásticos. Quem não tem feira por perto, pode optar pelos deliveries de orgânicos – é uma delícia receber as coisas fresquinhas na porta de casa. Para saber sobre feiras ou deliveries pode-se consultar os sites do Planeta Orgânico ou do Portal Orgânico.
Desenvolvi também o prazer de fazer em casa pães, bolos e biscoitos. Além de proteger a saúde, economizo na quantidade de aditivos químicos que esses produtos carregam e, ainda por cima, diminuí consideravelmente as embalagens.

Uma coisa que observo é que os supermercados em geral não orientam seus embaladores na utilização das famigeradas sacolinhas plásticas. Parece que vivemos num paraíso e que não temos problemas com elas. Vai um produto em cada uma, é uma fartura! Fora que muitas vezes tenho que explicar que eu levo sacolas de pano exatamente para não usar as plásticas, pois os embaladores insistem em colocar os produtos nas sacolas plásticas e depois na retornável.
Mas – sempre tem um “mas” – , existe um lugar que visitei esta semana onde ninguém mais pensa em sacolinhas plásticas. Ou você leva sua própria sacola ou compra caixas de papelão retornáveis para carregar suas compras. Elas são muito práticas pois se dobram e podem ficar no carro já prontas para a próxima vez. Uma atitude muito inteligente do Quintal dos Orgânicos, um espaço gostoso, com cafeteria, restaurante e mais de 1000 opções de orgânicos, inclusive cosméticos e materiais de limpeza, tudo certificado.

Parabéns a eles que tem sustentabilidade como palavra de honra em todos os setores da loja, inclusive na construção e decoração. Parabéns a nós consumidores, que podemos encontrar lá um oásis e ver que é possível ter uma vida mais consciente. Para comemorar em nossas receitas de hoje, só teremos produtos que não necessitam de embalagem ou que vêm em embalagens reutilizáveis. Talvez repensar o cardápio seja uma boa oportunidade para reduzir o lixo doméstico, sem perder o sabor, é claro!

Antepasto Siciliano

Ingredientes
  • 1 xícara de azeite extra virgem
  • 2 cebolas orgânicas cortadas em cubos
  • Sal Marinho a gosto
  • 2 pimentões orgânicos cortados em cubos
  • 2 abobrinhas orgânicas cortadas em cubos
  • Orégano a gosto
  • Sálvia a gosto
  • 2 tomates orgânicos cortados em cubos
  • 2 colheres de sopa de alcaparras
  • Azeitonas pretas a gosto
Modo de Preparar:
Aqueça a metade do azeite numa panela, acrescente a cebola, um pouquinho de sal, o pimentão, a abobrinha. Dê uma refogada e acrescente o orégano, a sálvia.
Mexa e acrescente o tomate e a salsinha. Mexa novamente e deixe cozinhar em fogo bem baixinho por mais ou menos 15 minutos. Corrija o sal. Acrescente as alcaparras, as azeitonas pretas e regue com o restante do azeite.
Pode ser servido acompanhado de pão italiano ou torradas, mas fica muito bom em cima de um espaguete “al dente”.

Salada Caprese

Originária da Ilha de Capri, pode ser preparada de várias formas diferentes. Esta é uma receita bem simples, mas muito gostosa.
Ingredientes:
  • 3 tomates orgânicos grandes
  • 4 bolas de mussarela de búfala
  • Folhas de manjericão
  • Sal marinho
  • Pimenta do reino
  • Azeite extravirgem
  • Pimenta do reino, se gostar
Modo de Preparar:
Corte a mussarela e os tomates em fatias de mais ou menos meio centímetro. Disponha numa travessa, intercalando uma fatia de tomate, uma fatia de mussarela e assim por diante. Espalhe as folhas de manjericão por cima e complete temperando com o sal, a pimenta e o azeite.
Pronto! Uma fatia de pão italiano, um copo de vinho e uma boa companhia. Precisa mais?

África transformada pela moda

Posted: 08 Sep 2011 02:52 PM PDT

Enquanto alguns trilham o caminho do trabalho escravo em nome de mais lucro no mercado fashion, burlando leis trabalhistas e fechando um ciclo vicioso do errado totalmente maquiado pela beleza do produto final, outros fazem o trajeto oposto, procurando o comércio justo e usando seus talentos e negócios para promover processos sustentáveis na moda e inclusão social. Na mesma medida em que o errado é denunciado, precisamos também divulgar novos formatos de negócio que vão servir como modelo para que outras possibilidades sejam discutidas. O “fair trade” (comércio justo) na prática.
Ann McCreath estudou design de moda em Roma antes de se tornar voluntária de caridade na África, devastada pela seca. Ann tinha o desejo de criar empregos em áreas rurais, oferecendo produtos com qualidade e estilo. Assim, saindo de Roma, lançou em 1996, no Quênia, sua grife chamada de KikoRomeo.
Uma moda que fomentou a economia num país devastado pela seca e pela fome, através de roupas eticamente produzidas, utilizando tecidos exclusivamente africanos, com mão de obra de artesãos das comunidades locais e de grupos de mulheres das comunidades rurais.


A designer, que também desenvolve trabalhos sociais em Angola e Zimbabwe, afirmou que: “Através da criação de uma grife de moda com comércio justo, sinto-me capaz de criar empregos e espalhar a riqueza da cultura local, gerando renda e autoestima ao povo queniano. Sim! Ter orgulho da moda genuinamente Africana, promovendo crescimento da economia local”.
Já com sua Grife KikoRomeo consolidada, peças suas usadas por Naomi Campbell, em 2008 Ann criou o FAFA (Festival For African Fashion And Arts), um festival de moda africana e artes com valorização de talentos do Quênia pela paz, que ela define assim: “Como muitos países em toda a região continuam a sofrer abusos de direitos humanos, distúrbios civis e de guerra, o FAFA visa mudar a percepção de outras comunidades, explorando a ligação entre culturas, através da arte, moda e música.

O Quênia merece ter uma luz brilhando por seu imenso talento e espero que, através da minha grife de moda, eu seja capaz de fazer exatamente isso. Promover a moda é outra maneira de focar a atenção do mundo sobre essas nações pobres, porém, talentosas.”
O FAFA (Festival For African Fashion And Arts) age no Quênia desta maneira:
Promovendo a comercialização dos produtos feitos artesanalmente pelas comunidades locais.
Promovendo o Projeto Peace Patches (patchwork da paz), em que os resíduos têxteis, as sobras da confecção, são doados às mulheres que foram afetadas pela violência. Assim, elas desenvolvem seus próprios projetos através da técnica de patchwork, usando miçangas e bordados, e os vendem de volta para serem usados nas roupas.

Isso gera autoestima, valorização da cultura local, inserção do artesanal na moda, diminuindo os processos industriais, e renda para comunidades menos favorecidas.
Parte da renda do FAFA é destinada a Programas de Treinamento “Não à Violência”, visando prevenção de conflitos e reconciliação em áreas do país afetadas pela violência. Saiba mais aqui.
Este ano, a KikoRomeo e diversas outras marcas de comércio justo na África participaram do AFWNY – África Fashion Week New York, um evento que aconteceu em julho dando destaque e incentivando negócios na moda Africana

As lições que podemos tirar deste formato de negócio? São tantas! A principal é que a moda pode ser muito mais justa, humana e profunda do que se prega. Através dela podemos gerar infinitas oportunidades para outras camadas da sociedade promovendo de fato a inclusão social. A cadeia fashion pode fomentar a economia, a beleza e a dignidade em qualquer lugar do mundo. Gerar oportunidades para todos permite ao indivíduo ter o controle sobre sua vida. E um cidadão independente, em harmonia com seu meio, é um sinal de que processos sustentáveis estão sendo estabelecidos.
Moda poderia ser algo extremamente fútil em meio à seca, fome, violência… Porém, no formato de negócio praticado, ela se tornou a janela pela qual várias pessoas puderam ver e ser vistas de outra maneira. É nesta moda, que ao invés escravizar, oferece liberdade, dignidade e movimentação justa da economia, que nós acreditamos.